BOLETIM APONTA ALTA NO ICMS EM ILHÉUS E ITABUNA, MAS QUEDA NAS RECEITAS MUNICIPAIS PREOCUPA

BOLETIM APONTA ALTA NO ICMS EM ILHÉUS E ITABUNA, MAS QUEDA NAS RECEITAS MUNICIPAIS PREOCUPA

O primeiro trimestre de 2025 trouxe um cenário de contrastes para a região intermediária de Ilhéus-Itabuna. Enquanto alguns indicadores econômicos apresentaram crescimento, outros revelaram desafios significativos, especialmente no mercado de trabalho e nas finanças públicas.

O boletim elaborado pelo Centro de Análise de Conjuntura Econômica e Social (CACES) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) destacou os principais movimentos da região, que incluem a abertura de novas empresas, um aumento expressivo no comércio exterior e queda preocupante no emprego formal.

A região teve saldo positivo de 76 novas empresas, mas o destaque ficou com o município de Porto Seguro, que liderou em aberturas. O setor de serviços foi o principal impulsionador, respondendo por 64,2% das novas constituições. No entanto, o comércio varejista e a indústria tiveram saldos negativos, refletindo um cenário desafiador para esses segmentos.

Apesar do crescimento no número de empresas, o saldo líquido foi 66,7% menor em comparação com o mesmo período de 2024, indicando que o aumento no fechamento de negócios diluiu parte dos avanços. O comércio exterior também chamou atenção, com exportações e importações em alta. Os municípios de Ilhéus e Itabuna tiveram crescimentos significativos nas vendas externas, impulsionados principalmente pelo cacau e seus derivados.

Contudo, o saldo comercial foi deficitário, com as importações superando as exportações. A Costa do Marfim e a Argentina se destacaram como principais parceiros comerciais, evidenciando a dependência regional de produtos agrícolas e insumos industriais. As finanças públicas apresentaram um quadro misto. A arrecadação do ICMS cresceu 26,71% na região, com Ilhéus registrando um aumento de impressionantes 70,68%.

Por outro lado, as receitas tributárias próprias caíram 11,01%, sinalizando desafios na autonomia fiscal dos municípios e revelando uma perigosa dependência de repasses federais. O mercado de trabalho foi um dos pontos mais críticos. A região intermediária de Ilhéus-Itabuna teve um saldo negativo de 1.478 empregos, com destaque para os setores de serviços e indústria.

Os municípios de Ilhéus e Itabuna, juntos, perderam 650 postos de trabalho, um resultado preocupante quando comparado ao saldo positivo de 238 empregos no primeiro trimestre de 2024. Os jovens entre 18 e 24 anos foram os mais afetados, ao passo que os trabalhadores com ensino superior incompleto ou completo tiveram melhores oportunidades.

Na educação, os repasses do FUNDEB caíram em todas as regiões imediatas, apesar do aumento da participação da União. Ilhéus teve um incremento mínimo de 0,03% nos recursos, porém insuficientes para evitar o comprometimento de investimentos essenciais. Os programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), continuaram sendo essenciais para mitigar a pobreza na região.

Enquanto o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família diminuiu, o BPC aumentou os repasses. Os programas injetaram R$ 205,7 milhões nos municípios de Ilhéus e Itabuna, representando 21,1% do total destinado à região intermediária. O consumo de água apresentou crescimento moderado nos estratos doméstico e comercial, mas a indústria teve uma queda de 32,24% em comparação com o primeiro trimestre de 2024.

O aeroporto Jorge Amado registrou menor movimentação de passageiros, com embarques superando desembarques, fato que indica uma saída maior de pessoas, conforme os dados levantados. A análise evidencia uma região em transformação, entretanto continua enfrentando desafios profundos no emprego, na educação e na gestão fiscal.

Com informações do CACES/ Departamento de Economia da UESC

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