LUCRO DA PETROBRAS EM 2022 É DE R$ 188 BI; 77% SUPERIOR AO DE 2021, MAS O PREJUÍZO É DO POVO BRASILEIRO

A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 188,3 bilhões em 2022, resultado 77% superior ao registrado no ano anterior. Os dados foram publicados no fim da noite desta quarta-feira (1º) pela estatal, lucro explicado pelos altos preços praticados pelo monopolio no Brasil, ou seja, esse é o lucro em detrimento do povo brasileiro, que paga caro para ter cobustível e dar lucros extratosféricos a estatal que repassa seus lucros aos socios.

De acordo com a empresa, apenas no quarto trimestre do ano, o lucro chegou a R$ 43,3 bilhões, 38% a mais do que o observado no mesmo período do ano anterior.

O aumento do lucro líquido no ano, segundo a Petrobras, pode ser explicado principalmente pela alta dos preços do petróleo (Brent) no mercado internacional. Também houve ganhos com acordos de coparticipação em campos da cessão onerosa.

Ebtida

Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiram volume recorde de R$ 340,5 bilhões no ano de 2022, uma alta de 45% em relação a 2021. O Ebitda do último trimestre chegou a R$ 73,1 bilhões.

Em 2022, também houve um recorde no pagamento anual de tributos e participações governamentais no Brasil: R$ 279 bilhões. A dívida financeira da empresa fechou o ano em US$ 30 bilhões, 16% a menos do que em 2021.

LUCRO REPASSADO PARA OS SÓCIOS

Alvo de um debate sobre a política de preços dos combustíveis, a PETROBRÁS tem registrado um salto no lucro e, consequentemente, nos dividendos pagos a acionistas, em especial, o GOVERNO FEDERAL, sócio majoritário.

Dados repassados pela empresa à CNN mostram que, entre 2020 e o ano passado, o repasse ao grupo de controle, formado pela União e outros entes federais, como o BNDES, saltou de R$ 2,5 bilhões para R$ 27,1 bilhões, um aumento de quase 1.000%. Já neste ano, a parcial até julho é de R$ 32 bilhões.

De olho nesse dinheiro para tentar defender a arrecadação dos estados, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda levou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em reunião nesta segunda-feira (30), a proposta de um fundo com dividendos para conter os aumentos nos valores da gasolina e diesel e amenizar o impacto aos consumidores.

O objetivo dos secretários é evitar a aprovação do projeto que limita o ICMS sobre energia e combustíveis, o que, segundo o órgão, poderia trazer um prejuízo de até R$ 83 bilhões aos estados.

O Comsefaz sugere que cerca de 40% dos dividendos sejam depositados em um fundo para uso durante períodos de volatilidade no preço do petróleo, como é o caso atual por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia.

O presidente do comitê, Décio Padilha, defende que seria uma maneira de reduzir o valor dos combustíveis e seus impactos na inflação, sem intervir na autonomia da Petrobras.

Já o Ministério da Economia, em nota, informou à CNN que não comentará a proposta. Também divulgou que os recursos vêm sendo utilizados para amortização da dívida pública federal, baseando-se na Lei 9.530/1997.

“Serão destinados à amortização da dívida pública federal: a receita do Tesouro Nacional decorrente do pagamento de participações e dividendos pelas entidades integrantes da Administração Pública Federal indireta, inclusive os relativos a lucros acumulados em exercícios anteriores”, diz a lei.

Enquanto o debate sobre o ICMS corre, a Petrobras vive um período político conturbado. A empresa aguarda os nomes do Ministério de Minas e Energia para compor a nova gestão do Conselho de Administração, já que o governo federal decidiu fazer mais uma troca na presidência, tirando José Mauro Ferreira Coelho e indicando Caio Paes de Andrade.

A política de preços da empresa é alvo de constantes críticas do presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, segundo apuração do analista da CNN Caio Junqueira, a Petrobras alertou o governo sobre o risco de ser responsabilizado legalmente em caso de interferência e preços desalinhados ao mercado.

No ofício, a estatal também apontou experiências internacionais para amenizar o impacto nos preços, sem interferência na estatal, como programas de transferência de renda e subvenções. Questionado pela CNN se estuda algum tipo de subsídio, o Ministério da Economia negou nesta segunda-feira.

EVOLUÇÃO DOS DIVIDENDOS

Segundo dados divulgados pela Petrobras, entre 2015 e 2017, sem registrar lucros, a empresa não fez pagamento de dividendos à União. Em 2018, houve o repasse de R$ 1,2 bilhão ao governo federal, valor que subiu para R$ 2,9 bilhões em 2019.

No início de maio, quando divulgou o resultado financeiro do primeiro trimestre deste ano, com lucro recorde de R$ 44,5 bilhões, a empresa também divulgou uma nota, dizendo que a “sociedade brasileira é a principal beneficiária dos resultados da Petrobras.”

A companhia publicou que o pagamento de dividendo é obrigatório em caso de lucro para empresas de capital aberto e que a política de remuneração aos acionistas busca o alinhamento com os demais atores do setor de petróleo e gás natural.

Também destacou que, entre janeiro e março deste ano, pagou R$ 70 bilhões em impostos, royalties e participações governamentais.

“Por anos, a Petrobras deixou de pagar dividendos para União e qualquer acionista e praticou investimentos que não geraram resultados, o que levou ao alto endividamento da companhia, chegando a ser o maior entre as empresas no mundo. Agora vivemos uma nova realidade, com foco em eficiência.

Os recursos gerados pela Petrobras são revertidos em investimentos realizados com responsabilidade e que geram maior desenvolvimento econômico e geração de empregos e renda para os brasileiros”, defendeu o atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, em nota divulgada no dia 5 de maio.

Fonte: CNN

 

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